ENTRE CÉU E INFERNO

O que nos fez olhar o céu de Lisboa naquele entardecer em que, na esplanada da livraria Linha de Sombra, em Lisboa, lançámos a Zeus? Talvez tenha sido – como escreveu o António Cabrita numa nota sobre a revista, – “a licenciosidade de um viver livre e multissensorial, a incitação a que as gôndolas do espírito se tornem cisnes nas retinas dos leitores mais empenhados”.

Neste tempo impensável em que vivemos, hoje mais do que naquele entardecer, para que não sejamos um caso isolado, os únicos a olhar o céu à espera que algo aconteça – como na canção dos Xutos -. convidamos-vos para o relançamento da Zeus, agora ainda para mais longe, porque diante do coro da desordem, mais do que nunca, importa soltar os cisnes das nossas retinas de leitores e deixá-los interpelar o mundo. Para isso, neste tempo de indigência, serve esta revista para, correspondendo ao apelo de Baudelaire, incitar a “Mergulhar no abismo, Inferno ou Céu – que importa? – E  no Desconhecido para achar o novo!”

Depois de meses de navegação mental na rota Portimão-Maputo-Portimão, eis-nos chegados a Lisboa (esplanada da livraria Linha de Sombra-Cinemateca Nacional) no navio de papel a que demos o nome de “Zeus”, em homenagem a Manuel Teixeira Gomes e aos “verdadeiros viajantes [de Baudelaire]/ os únicos que partem/ Por partir; leves, como balões/ Nunca se afastam do seu destino,/ E sem saber porquê, dizem sempre: Vamos!”