António Cabrita e João B. Ventura
«Meu caro,
talvez a nossa época esteja dominada por um elemento chave que Baudelaire reflectiu nos dois últimos versos de um poema, vê lá tu, chamado “A Viagem”: “Mergulhar no abismo, Inferno ou Céu – que importa? –,/ E no Desconhecido para achar o novo!” Mas creio pouco saudável este relativismo-sem-fundo, da mesma forma que poderemos gratamente dispensar outras inclinações da época como a ”afición” pela entomologia e os pântanos. De igual, este retorno ao acirrado das identidades e dos nacionalismos merecem-nos todas as reservas, ou melhor, todo o repúdio. Eu, na minha campa, levarei comigo pelo menos três livros do Michaux e um do Lorca…